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Isabel Mota, a primeira senhora Gulbenkian


Membro do Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian desde 1999, Isabel Mota, sabe-se agora, será a próxima Presidente do Conselho de Administração de uma das mais importantes fundações de Portugal. Sucedendo assim a Azeredo Perdigão, Ferrer Correia, Vítor Sá Machado, Rui Vilar e Artur Santos Silva (o actual presidente de 75 anos, não pode ser reconduzido por ter atingido o limite de idade). A futura presidente da Gulbenkian é a primeira mulher a fazer parte da administração da instituição, nunca antes a Fundação Calouste Gulbenkian havia sido liderada por uma mulher. Sem qualquer regime de quotas, Mota que chegou à fundação em 1996 para dirigir o serviço de Orçamento, Planeamento e Controlo, passando à administradora em 1999, onde adquiriu responsabilidades nos pelouros da saúde e protecção social, "foi eleita por voto secreto, depois de ter aceite apresentar-se à votação do conselho, por solicitação unânime dos seus colegas" conforme referia o comunicado da Fundação. No comunicado citado pela imprensa, Isabel Mota que também reúne o título de primeira mulher a fazer parte da administração da Fundação, afirma que aceita o cargo "com um grande sentimento de gratidão pela instituição e pelos colegas".


Na mesma declaração assume três compromissos para o mandato: "o primeiro, com o futuro, prosseguindo o propósito de manter a Fundação a acompanhar os novos tempos, tanto em Portugal como nas diferentes comunidades que serve; o segundo, com os mais vulneráveis, que deverão ser os principais beneficiários da atividade da Fundação; por último, mas não menos importante, com a importância da arte e da cultura que nos dão a sabedoria e constituem os alicerces da tão necessária tolerância nos tempos conturbados em que vivemos".


Rui Vilar, um dos três administradores não executivos, confirmou o consenso gerado à volta de Isabel Mota, em declarações ao jornal Público, afirmava que se trata de “uma excelente decisão” e que a nova directora “irá certamente contribuir para dar continuidade ao trabalho da fundação”. Licenciada em Finanças pela Universidade de Lisboa (1973), Assistente do Instituto Superior de Economia entre 1973 e 1975, foi Subdirectora Geral do Gabinete para a Cooperação Económica Externa do Ministério das Finanças (1978-86) e Conselheira na Representação Permanente de Portugal, em Bruxelas (1986). Assumiu funções de Secretária de Estado do Planeamento e do Desenvolvimento Regional nos XI e XII Governos Constitucionais, com responsabilidade nas negociações com a União Europeia dos Fundos Estruturais e de Coesão para Portugal (1987-95).


Valente de Oliveira, que a nomeou Secretária de Estado, enquanto ministro do Planeamento e da Administração do Território nos governos de Cavaco Silva, entre 1987 e 1995, admite que Isabel Mota “é particularmente sensível às questões sociais”, lembrando que “tem mostrado grandes capacidades em todos os sectores”, acabando por referir o seu papel no projecto de Serralves, nomeadamente no financiamento inicial da fundação. "Isabel Mota é uma pessoa de grande capacidade de acção, muito inteligente e alerta para todos os sectores de actividade e deu provas disso em variadas circunstâncias, seja no Governo, seja na Gulbenkian, onde desempenhou tarefas complicadas, nomeadamente na área da saúde”, afirma Valente de Oliveira.


Administradora do Instituto para a formação de Executivos da Universidade Nova de Lisboa (1977) e membro do Conselho Geral da Telecel Vodafone (2001-2003). Passou também pela Comissão Estratégica dos Oceanos (2003-2004) e coordenou a elaboração da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento Sustentável (2004). Vogal do Conselho das Ordens Honoríficas Portuguesas (desde 2011), Conselheira do Conselho Económico e Social – Portugal (2010-2016) e membro do Comité de Especialistas do Ministério do Desenvolvimento Regional (2013). Actualmente, para além do cargo na fundação é também membro do Comité de Supervisão da Partex Oil and Gas (Holdings) Corporation. E membro não executivo do Conselho de Administração do Banco Santander-Totta, desde Julho de 2015. Distinguida com os graus de Grande Oficial e Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e Medalha de Serviços Distintos Grau “Ouro” do Ministério da Saúde. A Fundação, que desde 1955 representa o valor do dinheiro ao serviço da Cultura e da Educação, inicia em 2017 uma nova fase. Da administração liderada por Isabel Mota espera-se que os programas de bolsas continuem a criar novas gerações de artistas e investigadores, sendo o programa de bolsas da fundação um dos mais importantes do país, capaz de abrir várias portas para o talento científico, cultural e artístico que aflora em terras lusas.


Aguarda-se também um reforço da actual Coleção Moderna, albergada pelo CAM (Centro de Arte Moderna, que existe desde 1983 e reúne um acervo de cerca 139 artistas desde o início do século XIX). Só daqui a uns meses vamos poder tomar conta de quais serão as apostas estratégicas da nova administração, até lá fica a nota de que se trata da primeira mulher a chegar à liderança, proveniente de um órgão constituído na sua maioria por homens (apenas Teresa Gouveia acompanha Isabel Mota no quadro feminino dentro da administração). Sinal, apesar de muito pouco significativo, de que o acesso aos cargos de liderança não deve depender de nenhum sistema de quotas ou outra qualquer obrigação jurídica para tal, mas este é um debate para outra altura. Aproveito ainda o momento para recordar o leitor de que já no presente ano Maria João Carioca indicada como CEO da Euronext Lisbon, entra em funções no segundo semestre de 2016. Tornando-se assim na primeira mulher a atingir a liderança da bolsa lisboeta desde a sua criação em 1769. Algo que não admira, dada a competência e o vasto currículo de ambas. O mérito/trabalho será sempre o melhor cartão de visita.


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