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"Não se brinca com coisas sérias"


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O riso sempre teve uma carga perjorativa. É sempre discriminado de situações e ambientes onde se assume uma necessidade de discutir «assuntos sérios». Peço que o leitor não deixe este preconceito impedi-lo de empreender um esforço para acompanhar o escritor neste exercício de compreensão da influência que o riso assume no processo de construção de uma comunidade política.


​Os Grecos na Idade Clássica, cultivavam o aspecto trágico da vida. Os Romanos, por sua vez, a consideravam uma coisa séria. Poucas são as pessoas que reconhecem a natureza cómica que a vida por vezes assume.


​Na senda para compreender essa natureza cómica é preciso também compreender o que é o riso. O riso é uma reacção nervosa do corpo para aliviar uma tensão criada.


​O humor tem essa capacidade de criar e aliviar tensões. Quando expandimos este conceito de uma situação em particular do cotidiano para o geral do processo de construção de uma comunidade política, chegamos a uma feliz constatação: o humor pode iniciar discussões sobre assuntos que carregam uma certa tensão – sobretudo em assuntos que compoêm a agenda do "politicamente correcto".


​ Quando não há discussão em torno de certos assuntos, criam-se ídolos e «falsas noções que deformam o entendimento humano». O humor tem o potencial para dissipá-los.


​A crescente aderência a movimentos cómicos/figuras caricatas é uma reacção nervosa da sociedade, indicando que há uma tensão no que diz respeito à credibilidade e eficácia dos sistemas políticos. Figuras como Tiririca no Brasil ou Beppe Grillo em Itália afirmam-se como um esforço da sociedade para discutir a insastifação com dada construção política e devem ser reconhecidos como tal.


​Concluo este texto, esperançoso, que eu e o leitor cheguemos à mesma conclusão, após este exercício de compreensão: talvez devamos brincar apenas com coisas sérias. Agradeço também, ao leitor esforçado, que aceitou o meu convite e me acompanhou até o final.


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