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O Segundo Que Os Separa


10, 9, subo com o pé direito para cima do banco, 8, 7, 6, agarro no copo da bebida, 5, 4, começa a contagem a ganhar mais força, 3, 2, o coração vai acelerando cada vez mais, 1... E mudou o último algarismo do ano.


Começam os foguetes, os saltos de alegria e esperança, os gritos, os abraços apertados, as chamadas a cair no telemóvel, caso as linhas ainda não estejam congestionadas, o primeiro beijo do ano e com isto tudo, esqueci-me de pedir os meus doze desejos... Já pensei em fazê-lo depois, porque acredito que desejar é algo que se possa fazer a qualquer momento, mas os doze desejos de quando o ano muda parecem ser uma profecia, que quando perdida, só se pode repetir passado mais um ano. Mas sabem? Não me arrependo. Não fico triste. Até porque pela primeira vez, nesta situação, eu tinha ao meu lado quem eu queria. O meu desejo de 2016 era estar, naquele momento, onde estava, com quem estava. Sentia-me completa demais para desperdiçar aquele momento a pensar em 12 desejos, que muito provavelmente não se iriam realizar. Preferi aproveitar o momento e sabia que estava certa daquela decisão. Queria apenas ficar onde estava, a absorver toda a satisfação daquele momento e o sentimento de missão cumprida.


Foi um ano bom. Um ano, que apesar de deixar aquela nostalgia de ficar para trás, não muda nada, porque tu não mudas de vida ou personalidade. Se estavas feliz, vais continuar feliz. Se estavas triste, vais continuar triste, a menos que lutes contra isso. Vais rir-te das mesmas coisas que poderias ter achado piada no segundo anterior. Vais continuar no estado embriagado, causado pela preparação de toda a noite de final de ano. Vais continuar a ser tu. E eu, como considero que tive um ano tão como eu queria, não preciso de desejar nada. Preciso de continuar a fazer o que fiz, viver e lutar. Viver este ano como vivi em 2016 e lutar pelo que quero manter na minha vida. Temos de aprender a viver mais os momentos presentes, do que sofrer pelo futuro. Temos de guardar na memória todas as emoções que vivemos. Prefiro olhar para trás e pensar "sim, naquela noite, estive com a pessoa que mais amo e estava feliz", do que pensar "sim, pedi os 12 desejos, mas não me lembro quais foram ao certo e acho que nem se chegaram a realizar. Até já nem sei bem onde estava nesse dia"... Vivemos de escolhas e no segundo que separa 2016 de 2017, cabe-nos a nós decidir o que queremos que marque esse momento. 1 segundo pode mudar muita coisa, é verdade, mas na passagem de ano, esse segundo não muda (quase) nada. Claro que podes querer deixar coisas para trás e aproveitas esta oportunidade, mas o essencial vai continuar igual e tu só tens de saber agarrá-lo. Para mim tem mais valor lembrar-me que estive com a pessoa que amo, tal como quis. Ou que tu estiveste na festa que querias, a dançar a tua música favorita. Do que parares a tua vida para pedir desejos, que não passam de algo que vais ter de ser tu a esforçar-te por realizar.


Para 2017 quero sentir-me completa e aproveitar os momentos que mais felicidade me trarão. Quero ver como o ano se desenrola e desejar consoante isso. Quero que o segundo que vai separar 2017 de 2018, seja tão bom quanto este que passou e me faça esquecer novamente a sessão mundial de pedir desejos. Pois é sinal que estou a viver o meu desejo e a ser feliz.


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16ª Edição Revista Pacta

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