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Epifania


Não meço se lhes peço um olá

ou se me deixo ficar para sempre

a dever um olhar que não se há de conhecer.

Ímanes em pólos opostos.


Quando dou por mim

já estou a mil noutro carril,

a caminho do destino

ao qual desconheço o fim.


Uma vida levada sem saber

e ao sabor do vento,

com um trago a incerteza

que não deixa que a monotonia

seja a guia que me pega pela mão

e me comanda pela via.


Há mais.

Quero mais (que meios olhares).

Quero melhor (que estranhos em redores).


Vejo,

não o que se encontra à minha frente

mas o que se descobre perdido lá atrás, na viela da rua estreita,

no beco da esquina que espreita.

São vislumbres de algo que não vi.


Este bicho da vontade de sair daqui

deixou-me mordida e dorida,

é essa picada que me mantém iludida,

uma sensação desmedida

e um pensamento em ebulição.


Longe de sana,

quanto mais perto de casa,

mais longe de mim.

(não é isto que mereço

mas foi isto que escolhi.)


E tu,

sempre dependente de uma aprovação exterior,

de um sinal superior,

que te deixa impaciente

e a mim, doente.


E se o sonho comanda a vida,

a minha anda desmedida

pois sono nem vê-lo,

e insónia escreve-se sozinha na minha biografia.


Dorme sobre o assunto que te mantém acordada.


Não é isso que sugerem?

Bem vindo à realidade...

...o feeling de não fazer parte desta sociedade de olheiras,

que liga mais a peneiras

que a ideias verdadeiras.


Peões num jogo que não escolhemos,

enredos duma história que não lemos,

personagens principais

de histórias secundárias banais,

desejos carnais

que nos pedem por mais.

Barriga cheia, cabeça insaciável.


Ser nada,

ser vazio,

ser instável

- é o que te trará o equilíbrio?

Ser mútuo,

ser tudo,

ou ser mudo

na sinfonia

que te toca aos ouvidos

como a banda sonora da tua vida?


Esta é a minha epifania.


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16ª Edição Revista Pacta

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