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Serei Eu?


Procuro-me nos outros em vão. O sítio singular onde me acho sempre foi a poesia. A única morada que conheço é eternamente a partida. Juntamente com estas urgências que vivem em mim. Tanta pressa de ser mais - nem chego a saber o que sou.


Queres tanto alcançar o fundo da questão que só encontras o fundo da gruta. E por mais que as respostas não surjam, perguntar já é meio caminho andado. Vivido. Parar de caminhar não é opção - só nos dias em que sou porta-voz da ansiedade. Na minha etiqueta podes ler: 99% instabilidade. Ninguém paga por isto, mas garanto que vai sair caro. A insanidade deita-se comigo na cama e ainda a aconchego de boa noite. Dorme bem a meu lado. Acorda sempre um passo mais perto de ocupar o meu legado.


Mas estas urgências… são necessidade ou doença? São um desgaste ou O resgate? É certo que é pouco o que separa um génio de um louco, metade dos dias tenho medo da metade em que me encontro. A linha ténue entre talento e loucura. Se estiver na segunda metade da fronteira qual será a minha cura? A fuga? Saímos daqui para ir à nossa procura – em sítios novos, em países estrangeiros, em estranhos passageiros. Sinto-me em todo o lado, mas nem chego a sair daqui e por mais quilómetros que faça estou sempre em mim. Sou eu quem escreve ou o universo usa-me para passar a mensagem? Esta caneta é usada pela minha mão ou é o recado das estrelas? E qual é a mensagem? Estamos todos condenados a existir. É… e se as pessoas fossem sítios, eu seria longe…


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