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O Fim de uma era!


Hoje o Mundo inteiro foi espectador do mais solene e digno momento em qualquer democracia - a transição legal e pacífica de poder - a mais fiável prova teste da fibra e carácter de qualquer Nação que se diga Democrática.


Porventura desta vez, será um momento a se espectar no ecrã grande, tomando ele lugar na mais antiga e mais idealista Democracia, um país como dizia Margaret Thatcher, "não fundado pela História, mas sim, pela Filosofia", a América. Para muitos, não só na América, mas muito pelo Mundo, é um dia de Infâmia tão grave quanto o ataque em Pearl Harbor - mas é no entanto uma prova de fogo que deve, imperativamente, ocorrer: a capacidade da América comprovar, a si mesma, que continua a seguir os sublimes ideais que são o alicerce da Nação: a liberdade de pensamento, assembleia e expressão - que amanhã serão manifestados em alto e bom som, pelo simples facto de o testemunho passar das mãos de um indivíduo para outro com valores e projectos diametralmente opostos - assim decidido pela expressa vontade soberana popular.


Trata-se de uma capacidade, de uma grandiosidade da democracia - que para todos os seus males, é nas palavras de Churchill, "o pior das formas de governo, excepto todas as outras" - um sistema cuja - o momento onde a vontade soberana de um povo de responsabilizar o Governo Obama-Clinton pelos seus falhanços e propondo uma nova visão, à la Trump.


Trata-se de algo que na altura da sua concepção, fora uma ideia radical e intangível, e que muito pelo Mundo continua a ser - a possibilidade de transferir poder sem derramamento de sangue, sem instigação de insurreição, sem necessitar o clamor da maquinaria de guerra - basta olhar para países como a Gâmbia, onde um líder cometeu algo digno de "morte dos Távoras", ao dar legitimidade a uma eleição de um novo líder, daí absolvendo-se tentativamente dos seus crimes no poder, só para recuar e instigar uma quase guerra civil e regional. Também é uma ideia radical num país cujo próprio nome elenca a Democracia: a República Democrática do Congo, mas que não passa de uma fachada: pelo simples facto de que o Presidente recusa observar os limites do seu mandato, sendo necessário travar um acordo entre várias facções tribais e não o respeitar de uma maioria qualificada popular que repudia o seu mandato - para a sua cessação - se nega a existência de qualquer democracia e se agrava a regressão para um sistema repressivo e tribal.


Para todos os seus defeitos, Trump foi eleito pois assim o eleitorado Americano bem entendeu, viu a necessidade de cortar com o Zeitgeist e decidiu optar por uma nova radical visão. Sendo esta a vontade soberana do eleitorado, Trump merece usufruir pelo menos de um décimo da "lua-de-mel" que pode bem Obama usufruir, onde os seus erros e falhanços em cumprir promessas foram automaticamente absolvidos em nome da radical noção de haver pela primeira vez um Presidente Afro-Americano numa união de Estados que muito sangue derramou em nome da liberdade dos seus Antepassados.


Trump merece o benefício da dúvida: o país encontra-se igualmente dividido entre Democratas e Republicanos - o mandato quadrienal dos Republicanos encabeçados por Trump no poder deve ser observado e respeitado, igualmente por aqueles que por esta visão deram o seu vigoroso aval, como por aqueles que calafrios sentem só em ouvir o nome do Presidente-Eleito, precedido do título do mais alto cargo da Nação - não a bem de Trump, mas em nome da Democracia, pedra filosofal que é o ideal que em 200 anos transformaram humildes colónias na única verdadeira superpotência à face da Terra. É importante lembrar as palavras do grande defensor da igualdade de direitos entre etnias, Abraham Lincoln, ao proclamar que " uma casa dividida entre si não durará".


No que concerne aos Americanos, devem respeitar a Presidência de Trump, pois beneficiam de um próspero país que, simbióticamente, só tal prosperidade encontrou na Liberdade e Democracia. Se de um momento para o outro fosse negado a Trump o seu direito a Governar, estabelecer-se-ia o que os pais fundadores denominaram de "Tirania da Maioria", onde se confinaria o direito de Governo aos Democratas, quebrando a corrente de Liberdade e Prosperidade onde se assentou até agora o sucesso da América, e a ideia de América per se.


Trata-se de um ideal de prosperidade derivado de Liberdade optimamente expresso no lema do infame corsário Inglês Sir Francis Drake, Sic Parvis Magna, de meios parcos, o alcançar do grande. Trata-se da beleza da arte e ciência da democracia, importada para muitos cantos do Mundo, onde se, em meio de paz, tentam diferentes soluções de plano de governo civil, a fim de se atingir progresso nacional e prosperidade individual. Pode não ser um sistema perfeito, como elucidou Alexis De Tocqueville na sua obra "Democracia na América", no entanto mais contribuiu para a liberdade do Homem e seu progresso.


É um momento de repúdio pelo que parece ser uma maioria fora da América - que, tido em conta a sua posição de liderança detrimento no cenário Mundial, é para os detratores, um momento lamentável - não obstante, é um que deve ser respeitado: trata-se de um Mundo cada vez mais livre e próspero, que só o tem vindo a ser devido ao exemplo e liderança Americana - consequentemente a fórmula para assim continuar o progresso da Humanidade, consiste do respeito, e até louvor, da capacidade e vontade de procurar novas soluções, pelo eleitorado Americano, à Doutrina Obama.


Trata-se de o abrupto fim de uma era, marcada por uma liderança passiva e internacionalista e o início de uma liderança activa e proteccionista, agressiva nos seus ideais, cujo estilo e forma diverge radicalmente e cuja tomada de posse difere em desafios imediatos, tendo a de Obama se demarcado pelo flagelo económico e a de Trump pela crise no Sistema Internacional no quadro das Relações Internacionais - mas não obstante é uma transição cuja existência depende da resiliência da Democracia onde se assenta.


A beleza do dia de hoje, para os apoiantes, baseia-se no, a seu favor, enveredar ideológico e para os detratores, na certeza de que se Trump falhar - se respeito na instituição da Presidência for mantido, ou seja, for observado o direito a Governar por quatro anos - terão, sem margem de dúvida, daqui a quatro anos serem júri da Administração que hoje foi empossada. Quanto a nós, resto do Mundo, só temos que ter fé que é no preservar dos magnos Ideais de Liberdade e Democracia Constitucional que se alavancará a segurança e prosperidade continuada do Mundo Ocidental e crescentemente do Mundo Inteiro.


E pluribus unum.


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