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Comércio Justo, uma alternativa


Na semana em que notícias indicaram que “os oito mais ricos do Mundo têm tanto dinheiro como metade dos mais pobres”, aproveito para iniciar esta minha colaboração regular com O Cacique para explorar um tema ainda pouco debatido e abordado em aulas, mas que se revela de uma enorme importância e com potencial para virar esta disparidade económica. Falo do conceito de Comércio Justo.


O Comércio Justo é ainda uma forma de comércio pouco divulgado e conhecido entre a população portuguesa. Na verdade, este é um conceito relativamente recente, dado que surge no início dos anos 60, “visando denunciar as injustiças do comércio e construir princípios e práticas comerciais cada vez mais justos e coerentes”.


Esta forma de comércio visa a promoção de uma aliança entre todos os intervenientes na cadeia comercial (dos produtores aos consumidores), aliás, esta é a única rede comercial onde os “intermediários estão dispostos a reduzir as margens para que haja um maior benefício ao produtor”. Esta ideia tem por base a disparidade que se observa entre os hemisférios Norte e Sul, nos quais existe um claro domínio dos países do Norte (onde se situam os países com maior grau de desenvolvimento), que controlam a rede comercial e “ditam as regras do jogo”, face aos países do Sul, principal fonte de matéria-prima e mão-de-obra barata. Foram aliás, estes últimos, que iniciaram o debate sobre esta situação, pela altura da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento em 1964, ainda que experiências anteriores de Comércio Justo já tenham sido desenvolvidas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha.


São milhões os produtores que saem prejudicados com o atual sistema produtivo, para termos uma ideia mais clara, atualmente, apenas cerca de 27% do valor do produto fica no país de origem (produtores e transportadores), o que não representa um preço justo para estes intervenientes e o que leva a que famílias inteiras fiquem sem acesso aos direitos fundamentais – de alimentação, de moradia, de educação, de saúde, de trabalho – que lhes permitam viver dignamente. Desta forma, o princípio base da criação do Comércio justo passa pela busca de uma maior equidade a nível comercial entre os vários intervenientes no processo e divide-se em duas missões indissociáveis, a sensibilização dos cidadãos sobre as atuais regras e formas de comércio praticadas e as consequências que lhes estão inerentes, bem como a atividade comercial propriamente dita, que se pauta por regras justas e transparentes.


As associações promotoras desta forma de comércio têm assim como base de atuação a promoção de direitos humanos igualitários em todo o globo, procurando assegurar condições de trabalho dignas, preços justos e igualdade de oportunidades entre populações e entre sexos. Para a sustentabilidade do sistema comercial é promovido o estabelecimento de relações de longo prazo, com estabilidade, entre os intervenientes na cadeia comercial. A sustentabilidade ambiental é outra das preocupações desta forma de Comércio.


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