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Casas no Ar


Eu deixo-te ficar se me deixares ser - ser livre ao pé de alguém.

O normal é demente e o louco é sano

A sociedade não é de consumo, é de abuso

Aquele que não precisa de mais, um intruso.

As vozes gritam sem tempo de antena

dançamos com sons ocos entre odes a uma lua atenta

uma playlist de amor, escárnio e maldizer

que grita:

tira de mim o que precisas.

Não me alimento de substâncias,

Subsisto de violências, vivo de essências

Sempre precisei de ser consumida – até extinguir.


E se a vida é isto amor eu não quero mais, mas quero sempre mais de nada.

E se a vida é isto amor não me dês mais nada.

E se a vida é isto amor sê-me tudo e deixa-me ser nada.

Sou um nada que é tudo, o todo pela parte

A minha parte nunca foi mais que nada e o meu todo já partiu em tudo o que parte

São metades em que me parto

Se na minha cara-metade estiver a metade que procuro,

Isso chega-me para ser arte.


As pessoas fogem de tudo e eu não sou exceção:

a minha sombra não me segue todo o dia,

o espelho desvia o olhar de antemão.


Fé de asas coladas, madrugadores de alvoradas

heróis de costas voltadas, amantes de cicatrizes vincadas

Não somos mais que almas desencontradas que se encontram nas palavras

Aliás, não somos mais que

Só somos.


Nem isso.

nem ser somos

- somos seres que nem sabemos ser.

Eu não sou, eu estou.

E na procura pelo que sou, vou estando,

tanto como na descoberta do estar, vou sendo.


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