top of page

Ode à lua


Eu podia jurar que sou um ser dependente da tua essência

As juras de sempre pendem para a falta de consistência

Se a tua presença não se encontra presente,

Sinto-me dormente. Enquanto não voltas, vivo em tons de inconsciente

Mais uma insónia numa noite de Quarto Crescente

Crescem medos neste quarto, não distingo o chão da parede

Desejos cadentes que pedem a estrelas sorridentes

Para existir.

É a uma que me confesso, aquela grande e usada

Sacrificada, caracterizada por crateras vincadas

Chamam-lhe Nova, mas ela anda por cá há algum tempo

E é no meio do céu que encontra o seu talento

Ela dá-me uma advertência:

Não te dês mais a esse sexo sem nexo

Não uses mais fugir como reflexo

Andas em fase de abstinência

“Eu? Conto muitos físicos na vivência”

Mas quantidade não é qualidade

E qualidade não é profundidade

E há tantos por aí sem valor, só preço

Não merecem o teu apreço

Aprende:

O corpo é um anexo da alma,

Não é o espirito que se cola ao dorso

É o físico que é acessório do rosto

Ancestral.

Calma, observa,

É um sacrilégio que lhes dês o teu tempo

O meu conselho é complexo mas se estiveres atento

Ele chega aí dentro

Já fui apanhado despercebido e perplexo

Vestido de roupa, mas nu por completo

Não deites mais corpos despidos ao lado dessa cabeça cheia

Não deixes mais gente feia tornar essa cama fria

E fala

Fala da vivência

Fala da dormência

Fala do que te move

Do que te mói

Do que te dói

Do que te destrói

Do que te descreve

Do que é breve

Do que dura para sempre

Do que te faz ciente

Sempre

E aprende

que o teu silêncio

seria um acidente.


Arquivo:
Redes Sociais:
  • Facebook - Black Circle
  • YouTube - Black Circle
Categorias:

16ª Edição Revista Pacta

(Clique na Imagem)

Revista oficial do NERI

bottom of page