“A vida está em nós”

Vivemos à espera da próxima grande tecnologia que irá revolucionar a nossa vida, à espera do fim-de-semana porque a semana dá trabalho, à espera de receber uma mensagem porque enviá-la é dar parte fraca, à espera do verão porque o inverno deixa-nos melancólicos, à espera de ser aquilo que os outros querem que sejamos, à espera que alguém resolva os problemas do mundo porque a nós foi-nos dito que o mundo é simplesmente assim. Não penses muito porque “pensar incomoda como andar à chuva” (Fernando Pessoa, 1925). Não tenhas uma opinião diferente da maioria, senão serás caracterizado como revolucionário ou idealista. Não te atrevas a pensar, é perigoso.

Não estou aqui para vos dizer como pensar, nem o que fazer e, muito menos, quem ser. Estou aqui para vos apelar ao senso comum, ao guerreiro em cada um de vós, à criança dentro de vocês que acreditava que um dia mudava o mundo. Onde está essa criança? O que fizeram com ela? Deixaram-na para trás porque crescer é imperativo. Chegou a altura de ser uma pessoa adulta, com consciência, contas para pagar e um futuro a delinear. Essa ideia de ser alguém que agita o mundo como o conhecemos torna-se só um mito de quem um dia aspirámos ser. A vida obrigou-nos a tal. A esse conformismo, a essa ignorância propositada, a esse conforto com o desconhecido – “olhos que não veem, coração que não sente.”

Não estou aqui para vos dizer que agarrem nas vossas coisas e partam à aventura, nem que se alimentem dos vossos sonhos para sobreviver.

Estou aqui para vos dizer que acreditem, que não deixem de sonhar, que sejam lutadores. Se não gostam de algo e gostariam que existisse uma mudança, comecem em vocês. A mudança começa em cada um de nós. Sejam críticos. Sejam revolucionários. Não digam que sim se acham que é não, só porque é mais fácil. Sejam vocês, na mais pura essência do vosso ser. Sejam o efeito borboleta.

Lutar por aquilo em que se acredita nem sempre é fácil e sim, provavelmente vão falhar. Vão falhar muitas vezes, mas o importante é tentarem. Não há mal em falhar, tirem essa ideia da cabeça pois por tudo o que aprenderão valerá sempre a pena, garanto-vos.

Estou aqui para vos pedir que não se conformem, que não deixem a sociedade consumir-vos e dizer quem devem ser. Não deixem que digam que é impossível ou simplesmente demasiado difícil. E se disserem que são loucos, sorriam!

Seja em que setor for, desde a política, à economia, passando pela literatura, o comércio, as engenharias, seja no que for e onde for, não sejam só mais um. O mundo já tem demasiadas pessoas que tão bem encaram o papel de “só mais um”. Não corram com a maré só porque lutar contra ela pode ser exaustivo. Somos jovens, a altura de acreditar que temos o mundo dentro de nós é agora - esse sentimento é insubstituível e efémero. Agarrem-no e façam dele o que quiserem, só não fiquem parados. A vida está em nós.