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“NÓS, OS DE 20 E POUCOS ANOS”


Já começa a ser chato sair de casa com a minha mãe, com o meu pai, seja com quem for e ouvir sempre a mesma coisa. Já sei que estou “crescida” e também não me passa ao lado o facto de estar na “casa dos vinte” ou de ter “vinte e poucos anos”, até porque, por acaso, só tenho mesmo os vinte, faltam-me os poucos.


A nós, malta dos 20, também já nos chegou aos ouvidos o facto de sermos a próxima geração e também já estamos mais que habituados à pressão incutida de sermos “A geração”. Como diriam os meus amigos vindos do Norte: “E quê?”. A verdade é que os sonhos ainda nos conduzem e ainda tomam conta de nós, às vezes mais do que nós próprios gostaríamos. Não foram só vocês, gerações anteriores, que não conseguiram arranjar aquele trabalho ou entrar naquele curso ou ainda comprar aquilo que tanto queriam. Nós sabemos que, na vossa cabeça, a sociedade já não nos impõe quaisquer limites para chegarmos onde queremos e, de certa forma, até é verdade, se tivermos em conta o turbilhão de vezes a “bater com a cabeça na parede” por corredores que nos ouvem e por ruas que nos falam.


“Nós, os de 20 e poucos anos” deleitamo-nos com pouco, embora a megalomania se apodere de nós na maior parte dos dias. Somos nós quem tem que se saber mexer. Somos nós a poder e a ter que ser mais espertos que toda a gente, não porque nos é impingido que assim seja, mas por sabermos que só assim o que tanto queremos chega.


Somos nós, os “crescidos”, que dizemos não quando é não. E sim quando é sim. Somos nós que ainda temos a capacidade de ir para os copos num dia de semana e no dia seguinte estarmos a trabalhar, com um café ao lado, mas a trabalhar. Somos nós quem se desenrasca em todas as línguas e mais algumas, mesmo que saia dali um poliglotismo nunca antes visto; e somos nós, mais uma vez, que temos feito as maiores descobertas científicas a nível da saúde, da tecnologia e de todas as demais áreas conhecidas.


Afinal, quem manda nestes lados, hoje em dia? Exato, somos nós. Não por pertencermos aos “20 e poucos” e muito menos por termos mais facilidades tanto a nível externo como a nível interno, porque não temos. Somos nós, porque nos fomos ambientando à sociedade à medida que ela foi tomando conta de nós; porque se não formos ligeiramente “sacanas” ao ponto de levar outras pessoas a ceder ao que queremos, então não conseguimos nada daquilo que faz parte da nossa ambição. Porque essa sim, é a culpada desta geração ser “A geração”.


Já viram? A geração de 90 é mesmo privilegiada. Mas porque faz por isso.



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